terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Mitos Urbanos

Já alguma vez notaram que apesar de vivermos numa sociedade cada vez mais evoluída (supostamente), com graus de educação cada vez maiores, há uns mitos estúpidos que sobrevivem a qualquer tentativa de argumentação lógica com as pessoas que neles acreditam?
Não sei quem vai ler isto, mas concerteza que irão surgir alguns leitores crentes nas baboseiras que vou aqui citar, e a esses peço-vos: parem por um momento para pensar, e por favor não continuem a disseminar por aí todas as idiotices que vos contam, mesmo que a história provenha de uma fonte segura, como o melhor amigo da prima em 2º grau do vosso tio-avô Abílio, falecido em 1957, Deus o tenha.

O primeiro que vou falar, e de longe o mais irritante, é aquela história de não se poder tomar banho depois de comer, pois se o fizermos iremos ser vítimas de uma morte horrível por paragem de digestão (desafio quem quer que seja a mostrar-me uma declaração de óbito em que a causa da morte seja paragem da digestão, mas adiante...) Mas onde é que nasceu esta parvoíce? Eu explico. A ideia é que quando comemos o sangue vai para o sistema digestivo para que se processe a dita cuja da digestão. Quando tomamos banho, os lerdinhos deste mundo pensam que o sangue sai do sistema digestivo, provocando a paragem da digestão e uma morte lenta e dolorosa (ou será rápida e indolor? não sei bem, visto que nunca ninguém morreu assim, não se sabe...). Bem, parte deste mito poderá ter de facto uma origem científica e lógica, visto que se o banho for de água fria, o sangue terá tendência para ir para o coração e pulmões, podendo provocar paragem de digestão, cujos sintomas podem incluir desmaio. É fácil perceber como desmaiar numa banheira ou no oceano é potencialmente letal, mas isso não tem nada a ver com a digestão parar. Experimentem comer uma valente feijoada e 4 tabletes de chocolate como sobremesa e depois irem dar uma corridinha, tipo maratona. Também vos pára a digestão, também vomitam, têm dores, desmaiam, e no meio de tanto sofrimento podem mesmo gritar "ai mãezinha estou a morrer", mas acreditem, não estão. Claro que há umas variantes deste mito, e uma das minhas preferidas é não se poder comer gelado após a refeição, a não ser que seja nos primeiros 15 minutos, senão, mais uma vez, pára a digestão e morre-se, claro. Eu gosto é do promenor dos 15 minutos. Há-que ligar o cronómetro logo após engolir o último naco de carne e começar a contar, se passarem 15 minutos, pimbas, não há gelado para ninguém, depois só passado 3h, no mínimo. Na minha opinião, é mais provável que se fique mal disposto por comer o gelado tão rápido, mas enfim.
Há outro mito também engraçado relacionado com a alimentação, que é o seguinte: comer laranja e leite à noite causa morte. Uma coisa tão simples e tanta parvoíce junta. Primeiro, porquê só à noite? Se eu comer uma laranja com leite ao pequeno-almoço já não faz mal é? Tenho a dizer que laranja com leite é indigesto a qualquer hora do dia, não seria propriamente uma refeição que eu escolhesse, mas tirando esse promenor, porque é que se morre mesmo? Já me explicaram uma vez, não me lembro bem, mas tinha qualquer coisa a ver com o ácido da laranja anular o básico do leite, e provocava não sei o quê no estômago e consequentemente a morte. Inteligente não acham? Relativamente a isto só posso dizer: não experimentem comer laranja com leite à noite. A sério. É que devem dormir mesmo mal e sonhar com o sabor horrível desta combinação. No mesmo espírito também se pode dizer que favas com sardinhas e bróculos ao lanche, acompanhadas de uma chávena de café com leite é letal. A sério, é mesmo, não experientem!

Fora agora dos mitos gastrointestinais temos aqueles que podemos englobar na categoria de "mezinhas da avózinha". Temos por exemplo, relativamente a queimaduras, toda uma gama de produtos milagrosos que se devem colocar. Se se queimarem na cozinha, ponham pasta de dentes no local da queimadura. Sim, porque agora que já têm um bocado de pele a arder, a melhor ideia será complementar com um produto que contém detergente, mentol e flúor, entre outros ingredientes. Há também a ideia que o que se deve por é mesmo manteiga, e não pasta de dentes. Esta é também uma boa ideia: pele lesionada? Espeta-lhe com banha em cima. Ou então é para ficar saborosa, quem sabe...
Temos também outros mitos nesta categoria que eu nem me vou dar ao trabalho de criticar, pois falam por eles próprios: colocar uma moeda na picada de uma abelha (olááááá infecção!), esfregar um treçolho com uma aliança de ouro (faz toda a diferença, acreditem), etc...

Totós crentes em mitos urbanos, não m'irritem!

P.S.: Ah é verdade, hoje quando forem dormir, não se esqueçam de tirar o relógio do pulso. É perigoso, o coração começa a bater ao mesmo ritmo do relógio, e calha de se acabarem as pilhas a meio da noite e olha...já "fostes"!