terça-feira, 24 de novembro de 2009

Os agrafadores assassinos

Resolvido o problema do teclado, posso, agora feliz e contente, escrever novas e frescas irritações diárias! Os tils estão no sítio, as cedilhas e os acentos graves perfeitamente encaixados onde pertencem e o mundo volta a girar em regular harmonia. O bom e velho teclado português triunfa sobre mares de letras sem graça nem jeito ao estilo britânico.

Inspirada por tal feito, lembrei-me então de vir discorrer para este canto sobre uma nova irritação que ultimamente me tinha assaltado o espírito (e os ouvidos). Vinha rabujar (se tal verbo existe) sobre a triste mania que tomou conta de muitas pessoas, grandes amigos inclusive. Vinha queixar-me da música desse ser estranho que se chama Mika. E sim, minha querida companheira de blog, eu sei que tu ADORAS esse "artista". Tal facto, embora de lamentar, só faz aumentar a minha vontade de dizer mal do senhor. Porque ele não passa de um mariquinhas, que canta canções muito felizes e cor-de-rosa, muito irritantes e que infelizmente, têm o estranho poder de não sair da nossa mente quando as escutamos. E isso irrita-me. Mas o que me realmente me transtorna, Aninhas, é como tu trocaste este Mika pelo insubstituível, o magnífico, o único e grande Freddy Mercury... Descobrir esta verdade pelo Facebook só tornou a história pior.

E eu vinha, de facto, muito lançada para dizer mal da música do Mikinhas. Até que um agrafador assassino me pregou uma rasteira (não no sentido literal) e os meus níveis de irritação com a criatura cor-de-rosa-choque se desvaneceram.

Eis o que sucedeu: terminado o trabalho do dia, ia eu agrafar uns papéis (cheios de número, rabiscos, cálculos e notações à margem - trabalho pouco digno na sua estética mas muito importante para o comum astrofísico) quando um dos agrafadores que temos no gabinete fez uma coisa estranhíssima. Não só agrafou os papéis, como deixou revirado para fora duas pontas aguçadas. Estranhei e depois de muitas voltas, depois de perguntar a colegas e reflectir, lá percebi que aquele agrafador específico era apenas usado para agrafar grandes volumes de folhas. Ok, burrice minha, tudo bem. Tento então tirar aqueles dentes férreos das folhas, quando uma das pontas me faz um ENORME arranhão no dedo! A estúpida! E até deitou um bocadinho de sangue! Imaginem!

Lá disse umas asneiras em português, que aqui não é pecado, para aliviar a dor. E assim, ainda no auge desta irritação provocada pelo pior inimigo do homem que é todo e qualquer material de escritório em mau funcionamento, esqueci as melodias estupidamente alegres do Mika.

Pelo menos até voltar a ter estranhos desejos de ser como a Grace Kelly...

Ainda não é tarde, amiga...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A irritacao volta a carga

E é assim que este blog volta a carga. Num texto triste e vazio, sem acentos graves, agudos, circunflexos; sem o til em cima do "a", ou a cedilha no "c". As palavras vao seguir-se umas as outras sem qualquer graca ou jeito, a monotonia da gramatica inglesa instala-se e a lingua portuguesa morre aqui mais um bocadinho...

Tudo isto porque o estupido teclado ingles nao tem a porra dos acentos!!!

E isso irrita-me solenemente, devo confessar. Irrita-me ter de ler aquilo que eu propria escrevo, porque na minha cabeca as palavras soam tao bem, tao redondas (como o vocabulo), e articulam-se de modo tao perfeito em pensamento... Assim que as trasncrevo perdem todo e qualquer encanto, e dou por mim a escrever "accao", "aberracao", ou "cansaco" enquanto abano a cabeca e em silencio penso: tenho de trocar esta merda de teclado o mais depressa possivel!

Mas, e se ao chegar ao gabinete com um novo teclado, isso for considerado ofensivo? Sera que a minha recusa em subjugar-me as letrinhas sem sal dos ingleses pode ser tomada como grito de guerra? Olha se for, que se lixe! Preciso de um c de cedilha na "cabeca" como quem precisa de um acento grave no "alcool". E nem me facam falar do acucar...