quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O Natal, mais uma vez....

Visto que escrevi um post tão longo sobre o natal há dois anos não me vou estar a repetir voltando a referir todas as coisas que me irritam....mas não resisto a relatar o que me aconteceu há dias na Worten do Colombo.
Estava eu a comprar um DVD na Worten, era 29,80€, cheguei à caixa, ia pagar com o cartão multibanco e vira-se a senhora para mim e diz: 'São 29,80€, deseja arredondar para 30€?'. Até pensei que tinha ouvido mal, agora já roubam assim tão descaradamente? É só pedir? Mas está tudo maluco? Fiquei a olhar para a senhora com cara de parva/incrédula, até que ela me respondeu: 'É para ajudar uma instituição de caridade'. Ah ok, então tudo bem...ou não...
Irrita-me o facto de haver um aumento dos pedidos para instituições de caridade no Natal, e eu não estou aqui a ser cruel, estou simplesmente a dizer que se é para ajudar, tem que se ajudar durante todo o ano! Quem passa fome não é só no Natal, morre-se de cancro durante todo o ano, e há crianças órfãs de Janeiro a Janeiro (como a frescura no Pingo Doce)! Parece-me é que o Natal funciona mais como um pretexto para estas grandes empresas se aproveitarem para nos roubar ainda mais, porque aposto que dos 20 cêntimos que eles queriam que eu doasse se fosse metade para a instituição de caridade já era muito!
Aos senhores do grupo Sonae, que abrem os seus corações no Natal com Popotas e Leopoldinas e arredondamentos dos preços (sem pensar em lucros, que eles são todos muito generosos...) não me irritem! Se querem ajudar arredondem 29,80€ para 29€, e assim ajudam-me a mim e ainda dão 80 cêntimos para caridade e pode ser que ainda tenham um lugarzinho menos quente no inferno...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Em busca de um lar inglês...

Após um longo período de ausência, em busca de algo que me despertasse os nervos de forma suficientemente alarmante que merecesse ser publicado num blog, finalmente alcancei o meu momento de inspiração...
Para quem não sabe, aqui a je teve a grande ideia de fazer um programa de doutoramento misto, que me permite passar alguns meses em Portugal, e outros tantos em Inglaterra, Cambridge para ser mais precisa. E hoje vou falar-vos de uma grande experiência, que decerto os meus colegas Joana e André já tiveram, que é a procura de quarto/casa nesse grande país chamado Inglaterra. Claro que para mim com a agravante de procurar casa à distância, com a querida colega Jo a ver as casas por mim.
A minha saga começou há cerca de uma semana, quando achei que um mês de antecedência era um prazo razoável para começar a mandar e-mails e contactar anúncios de casas e quartos. Contactei mais de 50 (sem estar a exagerar) de uns 200 possíveis anúncios. Desses 50, depois de desculpas tão boas como "queremos ocupar o quarto o mais depressa possível", até "estamos à procura de um homem para ocupar o quarto", depois de descartar condições abomináveis como casas de banho em anexos separados (tinha que passar pela rua em pleno inverno para ir mandar um fax), casas sem cozinha e quartos sem janelas, consegui reduzir a minha busca a 6. Os 6 grandes! Os favoritos! A nata da nata dos anúncios de quartos! Condições magníficas a preços razoáveis! "Isto não pode falhar" - pensei eu, destes 6 diamantes da imobiliária inglesa tinha que haver algo que se adequasse a mim. Pois pensei mal... Após ter feito todos os preparativos para que a minha grande amiga Jo pudesse ir ver os 6 maravilhosos ao vivo e a cores numa tarde de domingo, mapa traçado, contactos feitos, pôs-se a Joana no pouca-terra a caminho de Cambridge. (Esqueci-me dizer que, claro está, a Joana estava a representar o papel de minha irmã, pois para os ingleses uma amiga ver um quarto por nós é muito estranho, visto que eles não entendem muito bem o conceito de amizade, mas isso fica para outro post.) Mas continuando a história, a Jo chega a Cambridge (e a partir daqui conto a história como a ouvi mais tarde pela boca da própria Jo), dirige-se para o primeiro quarto, maravilha das maravilhas, o quarto e a casa encaixam-se nos elevadíssimos padrões de qualidade esperados, casa com grandes janelas, luz por todo o lado, é mesmo um lar, pertencente a um casal de lésbicas artistas, mas ainda assim, tudo o que se esperaria de um lar. Está vista a primeira casa, altura em que a Jo me liga em pânico porque não consegue dizer que é minha irmã porque temos a mesma idade (ao que eu expliquei que era só mudar a idade dela, ninguém ia entrar em promenores, duh!). A caminho da segunda casa, chega lá e o efeito tcharan já não é tão grande. Ok, é um lugarzinho simpático, mas já não é bem um lar....é mais um conjunto de paredes com alguns seres humanos lá dentro. Rumo à terceira casa. Esta era uma das favoritas. "Double room with ensuite shower" dizia o anúncio, "brand new flat", uau! A renda é um pouco cara, £540 por mês, mas deve ser espectacular! Pois, segundo a Jo, o double room com ensuite shower não passava de uma cama com um chuveiro e um ralo ao lado. E é aqui que a minha irritação começa. Mas esta gente nasceu em que planeta? Quem é que se lembra de anunciar "double room with ensuite shower" para uma cama com um chuveiro ao lado? Eu não conheço NINGUÉM que tenha crescido a tomar banho ao lado da cama, assim sem parede nem nada. Nem neste século nem no século XVII (até porque no século XVII não se tomava banho, e mesmo assim era melhor que tomar banho ao lado da cama). Isto mostra as condições degradantes em que vivem algumas pessoas em Inglaterra, há barracas em Portugal com melhores condições, e Portugal é um país até bastante atrasado, comparado com Inglaterra. Só faltava ter que meter uma moedinha para se poder tomar banho! (e sim, tal coisa existe em Inglaterra, e eu conheço alguém que teve que passar por isso). Enfim, nesta altura a Jo mete-se num táxi para ir para a quarta casa. É nesta altura que algo de muito estranho se passou, envolvendo um telemóvel perdido no banco de trás de um táxi, um telefonema de um taxista confuso para um número aleatório do telemóvel da Jo, a resposta em português de um amigo da Jo para um taxista ainda mais confuso ao ouvir uma voz estrangeira, a Jo a viajar para casa de um taxista em busca de um telemóvel perdido, e uma casa não vista por falta de tempo devido ao incidente do táxi. De qualquer maneira vim mais tarde a verificar que a casa que ficou por ver era uma que eu já tinha visto da última vez que tinha estado em Cambridge (em Fevereiro de 2009) e que era o sítio mais badalhoco e desarrumado que eu já tinha visto, e que pelos vistos continua para alugar, quase 1 ano mais tarde. Lá segue a Jo para a quinta casa, mas a coisa não melhora. O local era uma pocilga, não era possível eu um dia viver lá, nem sequer sobreviver, estava fora de questão, considerou (e bem) a minha amiga Joana.
Finalmente a última casa! Esta era a favoritíssima! Já eu tinha trocado diversos e-mails com a senhora da casa, feito uma extensa descrição da minha pessoa, trocado pedidos de amizade no facebook e até havia um gato, o Frankie! Pela descrição não podia haver melhor lar que este, estava perto do perfeito. Ora chega a Jo, toca à campainha, a senhora abre e anuncia que o quarto já tinha sido ocupado pelo namorado da outra residente, há cerca de uma hora. Nem telefonema a avisar-me, nem um pedido de desculpas. É assim mesmo que se fazem as coisas, compromete-se com uma pessoa para ver a casa, era quase uma formalidade, a decisão estava praticamente tomada de que era aquela casa que eu queria, e depois pimbas. Uma rasteira destas e nem sequer um "ai, desculpa aí hã...". E isto é outra das coisas que me irrita. A frieza desta gente, eu nem sequer tenho palavras para descrever como me irritou esta atitude, como foi cruel e como arruinou todo o meu dia saber que não ia poder ter a casa que me parecia perfeita.
Parece-me então que estou resumida ao casal de homossexuais, e mesmo assim estou à espera de resposta até quarta-feira, porque elas estão a entrevistar mais pessoas, e com a sorte com que estou vão-me dizer que não e eu vou ficar desalojada. Mas enfim, acho que depois de tudo isto prefiro ficar desalojada a ter que viver numa espécie de toca badalhoca e abandalhada, com sabe-se lá quantos bifes frios, insensíveis e pouco asseados, que cagam numa barraca atrás de uma árvore no quintal e usam os trocos da semana para tomar banho ao domingo (no quarto onde dormem).

Senhorios ingleses com casas de fracas condições não me irritem!!!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Irritações culinárias

Uma das coisas que mais me irritam neste mundo e nos outros todos (e se contar com os exoplanetas, olhem que são muitos mundos), é não ter sucesso quando estou a cozinhar. Muitas pessoas podem atestar a veracidade deste facto. Amigos ou familiares que tiveram a triste sorte de estar por perto quando as minhas tentativas de fazer desde uma simples tosta mista até um complexo bacalhau com natas fracassaram. Eu até sei cozinhar, a sério que sim. Mas quando me sai mal, chega-me a mostarda ao nariz (às vezes literalmente) e rebento. Atenção, garanto que todas as pessoas que já testemunharam o efeito saíram ilesas!

Recordo experiências frustradas em Lisboa, quando tentei fazer um bolo de iogurte que acabou por ficar completamente queimado por fora, e inteiramente cru por dentro. É uma façanha digna de nota! Ou então quando tentava fazer lasanha vegetariana e reparava que não tinha cozinhado recheio suficiente. Começava a respirar com dificuldade, nervos à flor da pele e a pensar: "Agora não há comida suficiente, não vai chegar!!!"E lá vinha a Carlota tentar acalmar-me com palavras tranquilos. "Sim, Joana, vai chegar, vais ver". Eventualmente nem ficava assim tão mau, mas a frustração e irritação já não me largavam.

Falando em Carlota, foi precisamente por isso que me voltei a irritar. Porque tentei imitar a Dona Joaquina e os seus inegualáveis dotes culinários. Claro que me saí mal...

Tentei fazer alho francês à bráz. Tentei, juro. Segui a receita recomendada no carla&carlota, à letra. Vejam só como me esforcei!





Nada a fazer. Naquele dia os astro não estavam do meu lado, e o resultado foi esta mistela verde:


E foi com uma cara frustrada, desolada, abatida e quase em lágrimas que me sentei à mesa, perguntando-me se devia comer aquilo. Esforço hercúleo, lá foi tudo pela goela abaixo. Jantar pode ser uma experiência tão irritante...